Reflexões sobre Duas Igrejas: REDEEMER (Nova Iorque) e MARS HILL (Seattle)

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Inicio aqui com o finzinho da postagem anterior http://www.cronicasdocotidiano.com/?p=300 e depois continuarei.

Ainda falta descrever uma coisa boa de Nova Iorque—a nossa ida a um culto na esquina da Broadway com Rua 79 no domingo, dia 15 de junho. A Redeemer Presbyterian Church, do Pastor Tim Keller, se reúne na First Baptist Church às 17 horas e às 19:15 (e em dois outros locais em mais três horários—ver http://www.redeemer.com/sundays/service_info.html .)

Esta experiência foi ainda mais interessante porque, dois domingos depois, pudemos contrastá-la com um culto no lado oposto do país, quando fomos à Mars Hill Church em Seattle, Washington, liderada pelo Pastor Mark Driscoll.

Esses dois pastores (Keller e Driscoll) são bem conhecidos nos Estados Unidos e, em paralelo a muitos elogios e considerável interesse de mídia, têm igualmente sido alvos de críticas e controvérsias. São pessoas que “emergiram” (por assim dizer) de alguns aspectos do conceito tradicional de “igreja”, tanto no formato quanto na liturgia, mas que lutam para manter intacta a sua fé e o seu compromisso com a Palavra de Deus (e com o Deus da Palavra) nas suas tentativas de alcançar o povo das suas respectivas cidades (verdadeiras missões urbanas). Isto faz com que sejam confundidos e, ao mesmo tempo, destacados, do movimento chamado “emergente” naquele país. Tínhamos curiosidade em conhecer os seus trabalhos pessoalmente, nestas raras ocasiões em que podíamos freqüentar uma igreja diferente, anonimamente, e sem compromisso (sem estarmos lá por Solano ser o pregador convidado—o que é normalmente o caso, no Brasil).

As duas igrejas estavam repletas de pessoas jovens—não adolescentes, mas universitários e profissionais, especialmente do meio artístico e acadêmico (mais ou menos entre 20 e 35 anos). As poucas pessoas da nossa idade que vi, tinham um aspecto de hippie, com algumas exceções. Logicamente, a vestimenta de Nova Iorque, por mais descontraída que seja, é bastante diferente das roupas informais de Seattle.

Tenho que confessar que, apesar de me sentir pouco à vontade com alguns aspectos do culto e com a aparência e roupas de alguns na liderança, e na assembléia, e de não apreciar muito o estilo de boa parte das músicas (jazz em Nova Iorque e grunge em Seattle), ouvi, nas duas igrejas, sermões excelentes e inteiramente bíblicos que me fizeram pensar e querer ser uma melhor discípula do meu mestre, Jesus (Mark Driscoll pregou uma hora e quinze minutos, a uma platéia atenta, que não mostrava impaciência pelo término do sermão!— sobre a majestade de Jesus nos últimos capítulos de Apocalipse—nenhum daqueles jovens parecia achar isso longo, inclusive nós que ali estávamos).

Em Nova Iorque, vi meus filhos adorando a Deus nos cânticos com uma intensidade que não percebo quando participam dos hinos da nossa igreja. O estilo de Seattle já não tinha muito a ver com eles (a música da santa ceia parecia ser de um funeral…). Ambos os cultos realmente apresentam material para muita reflexão sobre estilos de adoração; sobre o que constitui uma igreja; e sobre amor e tolerância cristãs. Pessoalmente, se tivesse que optar por uma das duas, baseado nesta única experiência, preferiria a de Nova Iorque. Mas isto não significa que Deus esteja trabalhando menos na outra. Ou, por sinal, na minha aqui do Brasil…

Segue o resumo do culto em Nova Iorque nas palavras do meu marido, em carta enviada a amigos. Como já disse, ele pretendia fazer uma carta sobre Seattle, também, mas ainda não chegou lá (diz que talvez ainda blogue sobre a “experiência grunge” dele). Após esse relato, continuarei, com minha própria análise de leiga, baseada no que vi (e considerando algumas coisas que li), sobre as duas igrejas citadas.

Crônicas Americanas II

15 de junho de 2008

… Hoje à noite, fomos à Igreja Redeemer, do Tim Keller. Na sua filosofia de não empenhar dinheiro em templos, ele aluga um auditório universitário (deve sentar umas 3000 pessoas), em um campus no lado oeste do Central Park (culto às 17 horas) e aluga o templo da Primeira Igreja Batista de Nova York, no lado leste do Central Park (cultos às 17 e 19h15m). Fomos neste último local, no culto das 5. Igreja belíssima, histórica. Provavelmente não tinha mais cultos à noite e estava semi-morta. Alugando aos presbiterianos, fica lotada nessas duas ocasiões. Muitos jovens. Música contemporânea de muito bom gosto, algumas delas arranjos e adaptações de hinos conhecidos. Um conjunto de cinco pessoas (piano, bateria, sax, guitarra, baixo) tocava com um certo estilo de jazz, mas sem exageros. Uma mulher com uma voz maravilhosa e bem treinada liderava os cânticos.

Liturgia ultra-estruturada, com um boletim (de dezoito páginas) contendo todos os passos. Um pastor, ou oficial jovem, liderando os passos da liturgia, que, na essência, é bem tradicional. Nenhuma coreografia ou modismos maiores. Muitas leituras e exortações bíblicas, sempre do líder, nenhuma da equipe de louvor – que não se apresenta separadamente, mas integra todo o culto e todos os hinos do começo ao fim.

Na hora do sermão aparece o Tim Keller, que já havia pregado três vezes, neste mesmo dia – este será o quarto sermão. No seu estilo usual, que eu já conhecia desde o ano passado, quando havia ido com o meu filho Darius ao ambiente universitário do outro auditório, ele fala sobre auto-controle, baseado em duas passagens bíblicas: 1 Cor 9.23-27 e 10.1-13. É isso mesmo: ele FALA e não prega. Qualquer um diria – “esse pregador nunca vai emplacar, com apenas essa conversa”. Mas ele se destaca em excelência como comunicador: vai fazendo uma exposição bíblica que é extremamente lógica e fácil de compreender. As doutrinas chaves reformadas estão todas lá, como alicerce e apoio. Todas as pessoas prestam intensa atenção e parecem entender a exposição. Ele realmente traz à luz questões que são muito válidas, mas que eu não havia ainda percebido no texto – e as fundamenta biblicamente. Achei muito boa a palavra.

O boletim da igreja indica as atividades nas quais estão envolvidos – inúmeras, mostrando o aspecto comunitário que transcende os cultos dominicais. Só como exemplo, eles têm um grupo de leitura de ficção e discussão do livro que está sendo lido – sob uma perspectiva cristã. Ou seja, a discussão é sob a perspectiva cristã; o livro, não necessariamente. Atualmente estão lendo um livro de Saramago.

Saí de lá; como da primeira vez – há um ano, com uma excelente impressão, dele e da igreja. Ele faz um trabalho magistral nesta metrópole louca que é Nova York…

Por hoje é só, Solano


Completando o que Solano falou, o boletim publica duas páginas, em letras miúdas, enumerando atividades e encontros regulares e esporádicos na vida congregacional e para confraternização (fellowship) de grupos profissionais ou intelectuais específicos como: professores, advogados, empresários, atores e criadores de filmes, estudantes em nível de pos-graduação, leitores de livros de ficção. Também existem Support Groups (Grupos de Apoio): Famílias de Usuários de Drogas, Estabelecendo Limites nos Relacionamentos, Lutando contra Ira para Mulheres, Vida pós-Perda, Recuperação pós-Divórcio, Recuperação Financeira, Procura de Emprego, Vítimas de Abuso… Outros grupos em formação (são criados conforme a necessidade): Recuperação pós-Aborto, Sobrevivendo Câncer, Controlando a Dor, Distúrbios Alimentares…

Falando com nossa filha, já um mês depois, ela comentou que ainda pensa sobre o sermão do Tim Keller. Eu também amei aprender com ele sobre auto-controle, ou domínio próprio. As minhas anotações do sermão percorrem as margens da maioria das dezoito páginas do boletim. (Eu sempre procuro tomar nota, porque minha atenção tende a se prender a um ponto e viajar para longe, assim fazendo com que perca partes importantes de sermões ou palestras. Escrever me ajuda a permanecer “ligada”—e, melhor ainda, me dá algo que me ajuda a refletir sobre aquilo que foi explicado, e assim fixar melhor o que Deus queria me ensinar naquele dia, naquele lugar, através daquela pessoa….). Eu estava planejando compartilhar os pontos que me impactaram mas vou deixar para outra vez… Talvez…

Continuarei, em vez disto, com minha própria avaliação das duas igrejas citadas. Mars Hill (em Seattle) é onde se congrega um jovem, amigo do nosso filho, que se tornou uma espécie de filho adotivo quando passou cinco meses conosco, há uns sete anos atrás, no Brasil. Foi com ele que fomos à tarde do domingo, dia 29, depois de freqüentar a igreja dos meus familiares de manhã (onde ouvimos uma boa pregação do pastor Glenn, amigo nosso desde os tempos de faculdade). Este rapaz, com sua esposa, está muito empenhado no trabalho de evangelização e de discipulado. Ambos, ainda jovens, mas crescidos em famílias cristãs e formados em escolas evangélicas, fazem parte do grupo que é o esteio daquela igreja.

Meu cunhado, que mora numa cidade próxima, fez uma observação muito interessante (e creio, pertinente) sobre a igreja de Mars Hill (que também se aplica à Redeemer). Ele refletiu que, com o passar do tempo, os jovens que se converteram ali estão se casando e estão tendo filhos. Estão descobrindo que lhes está faltando algo que existe numa igreja que não é “nova”—são as pessoas a quem Paulo se refere no segundo capítulo de Tito—os homens mais velhos e as mulheres “idosas” que têm experiência para orientar e acompanhar os mais jovens no seu dia-a-dia (pessoas leigas que servem como padrão, que ensinam, instruem, exortam, encorajam…). Na falta deste contato pessoal, eles dependem muito de livros. Livros muito bons, por sinal—a livraria da igreja está repleta de volumes excelentes. Mas eles acabam sendo um substituto—onde os princípios bíblicos estão sendo absorvidos via palavras escritas em vez de assimilados através da prática visualizada. Pois nem todo mundo gosta de ler… E nem sempre se tem à mão um livro com a resposta que um ser humano experimentado, ou conectado com alguém com sabedoria, pode oferecer.

Penso que é extremamente válida e necessária a meta que estas igrejas abraçaram para alcançar as pessoas perdidas na selva urbana que lhes cerca, sem Deus e sem esperança—aquelas que não se aproximam das nossas igrejas “tradicionais”, por várias razões—sejam válidas ou não… Mas vai ser interessante ver se o foco das duas igrejas irá acompanhando a idade dos milhares de membros originais ou acabará sendo igual ao da maioria das quais agora diferem, incluindo e servindo a crianças e adolescentes e abrangendo pessoas de gostos e origens diferentes. Afinal, no seu ímpeto para atingir e acolher certos excluídos e não-alcançados, parece-me que eles acabaram sendo “vítimas” involuntários de um exclusivismo ao inverso: incluindo os excluídos, mas alijando os que deveriam ser bem-vindos pela experiência e estabilidade….

Entretanto, percebo que algumas das suas críticas às igrejas “tradicionais” merecem a nossa atenção e que há coisas que precisamos repensar, mudar e melhorar. Creio que é válido considerar que Deus projetou a igreja para ser uma espécie de hospital. Para muitos de nós que já fomos diagnosticados e receitados pelo Senhor Jesus (os crentes de longo tempo), ela fornece leves e agradáveis tratamentos de prevenção e de manutenção com pequenas intervenções aqui e ali.

Temos que cuidar, todavia, para não ficar achando que nossa igreja deve se aproximar de um spa espiritual, querendo ficar apenas nos deleitando em luxuosos “quartos”, com ar condicionado e bem mobiliados, assessorados por especialistas bem remunerados que procuram satisfazer os nossos desejos e aliviar as nossas dores. Às vezes, damos a impressão que “doentes” nem fomos nem somos.

É necessário, também, fugir da tendência de achar que é melhor ficarmos isolados, pensando que assim não haverá chance de nós e nossos preciosos filhos ou netos sermos infectados pelo mal (como se o nosso problema com o pecado viesse apenas de fontes externas e não de dentro, do nosso próprio coração).

Frequentemente, fingimos que não estamos entre aqueles chamados por Deus para agüentar ou enfrentar os efeitos colaterais da contaminação do pecado para libertar as pessoas fora do nosso meio da sua cegueira, surdez, dores e aflições e, finalmente, do perigo da morte.

De fato, Deus graciosamente nos concede os locais e momentos de abrigo e refrigério que as nossas igrejas devem oferecer, mas não é para nos acomodar. Ele nos cura e fortalece para trabalhar—para cooperar com Ele na obra da redenção e santificação de indivíduos.
Precisamos reconhecer (como faz a liderança destas igrejas a que estou me referindo) que a igreja-hospital também tem que oferecer pronto socorro e unidade de terapia intensiva. E nós, os membros de igreja, somos os que devem se tornar os voluntários atendentes-enfermeiros destes locais. Muitas vezes, podemos ficar aflitos e desencorajados tanto com o nosso próprio despreparo quanto com a tremenda falta de recursos humanos e financeiros mas somos nós os chamados para socorrer e amparar.

Aqueles que entendem este chamado de Deus acabam sendo treinados no local e enfrentam dias transtornados e noites mal-dormidas enquanto sujam as mãos e as roupas—salpicadas e manchadas com sangue e imundície pois lutam desesperadamente para alertar e salvar os colegas, amigos, vizinhos e parentes de vícios e perigos que nem sempre querem perceber, evitar ou sanar. (Felizmente, podemos encontrar, na Bíblia e na oração, tudo que precisamos para manter a nossa assepsia e para usar como antídoto aos dardos inflamados do inimigo que não quer que seus servos sejam resgatados.)

O fato é que poucos especialistas e peritos (pastores, presbíteros, teólogos e outros) consideram ter conhecimento e preparo suficientes para lidar com as mazelas e moléstias que lhes cercam (e que entram nas igrejas com as novas pessoas sendo evangelizadas e convertidas). Tentar libertar alguém dos laços do diabo e depois levá-lo a ter uma vida transformada e saudável pode ser nem fácil nem prazeroso. Mas é isto que tem que acontecer quando uma igreja compreende sua missão evangelizadora e procura, acolhe e agrega novos convertidos. Já observou que, muitas vezes, Deus só consegue nos tirar da nossa apatia e letargia quando alguém entre os nossos queridos acaba enfermo, prostrado ou aprisionado, seja literal ou figuradamente? Aí, de repente, não entendemos porque “ninguém faz nada” e começamos a procurar pessoas dispostas a ajudar, às vezes sem resultado na nossa própria igreja ou denominação.

Entretanto, aqueles que se dispõem a servir a Deus desta maneira ficarão admirados e energizados com os resultados. Quando Deus realmente regenera alguém, o processo de acompanhá-lo na sua recuperação consistirá não apenas de lutas mas também de vitórias. Assim, eventualmente, surgirão novos membros-voluntários capacitados a usarem a sua experiência e aprendizado para ajudar a diagnosticar e tratar doenças e feridas parecidas, de outras pessoas. Portanto, é essencial e maravilhoso desenvolver ministérios que atendem às necessidades de vários tipos de pessoas (indo além das classificações usuais, por gênero ou por faixa etária).

Mas, voltando à observação do meu cunhado, também concordo com a verdade da percepção dele. Portanto concluo: Não devemos desprezar nunca o conceito de família que deve caracterizar a comunidade de crentes, onde existem não apenas irmãos, mas também pessoas que podem servir e estimular aos outros no seu relacionamento com Deus, agindo como avós, pais, mães, filhos, tios, sobrinhos e primos (tanto de sangue quanto de fé.) Isto requer um grupo que abrange todas as idades e está pronto para incluir vários níveis sociais e áreas profissionais, como também pessoas de todo tipo de vida prévia à conversão…

Assim sendo, penso, a IGREJA projetada por Deus deve ser muito mais do que um ministério dirigido a um único tipo de pessoas—seja de uma certa faixa de idade, de uma específica raça, de classe alta (ou média, ou baixa) ou artistas, surfistas ou profissionais liberais…. Ou focado principalmente em gente de um determinado tipo de vida desregrada prévia a conversão…. Ainda que o trabalho original e o ímpeto para congregarem juntos se inicie assim…

Se seguir o exemplo bíblico, uma igreja que começa sendo “contemporânea” e homogênea, acabará sendo “inclusivista”. Com uma membresia heterogênea, multifacetada… Com crentes novos e crentes antigos… Ela pode (e deve), é claro, especializar em alguns ministérios porque consiste de indivíduos capacitados por Deus com dons e capacidades específicas. Mas, uma igreja “contemporânea”, para ser fortalecida, tem que atrair e aproveitar aqueles que, por serem “tradicionais” e conhecedores da Palavra, têm o equilíbrio e o conhecimento espiritual que contribuiriam para conduzir os seus novos convertidos desde a fase infantil até o amadurecimento. “Conteúdo” e “experiência” acabam sendo importantes elementos pós-conversão. Portanto, é preciso aprender que nem tudo que é velho é ruim e descartável.

Enquanto isto, as “igrejas tradicionais” devem reconhecer e aplaudir a aspiração das “comunidades contemporâneas” (como aquelas que citei acima) de se tornarem relevantes às novas gerações através de novas abordagens (já que as velhas não estão mais surtindo efeito). Portanto, é preciso entender que nem tudo que é novo é ruim e desprezível.

Terminando… Foi muito bom ver aqueles trabalhos e ouvir aqueles sermões. Vejo que a maior parte do poder daquelas igrejas vem do púlpito (e assim deveria ser), mas vejo igualmente que o engajamento e envolvimento dos membros em múltiplas frentes de comunhão e aconselhamento dão continuidade prática às poderosas mensagens, aliviando igualmente a pesada carga do pastor – que pode ser intensa além das forças em grandes igrejas como aquelas.

Agora estou de volta na minha própria igreja, com a minha família na fé. Não é uma igreja perfeita, é claro, pois estas não existem. Ainda mais, fica longe da minha casa… Mas a minha família espiritual se encontra lá. E isto é muito precioso! É, também, uma igreja em que todas as faixas de idade e vários níveis sociais e intelectuais cultuam a Deus e recebem atenção, o que acho saudável e exemplar. Sentimos e desenvolvemos laços fraternais com vários irmãos e estamos nos esforçando a procurar e receber pessoas novas. Há ensino, apoio e crescimento—individual e coletivo. Estamos reforçando e aperfeiçoando o ensino e prática de maneiras (e conteúdo) de evangelismo e discipulado, para melhor capacitar muitos que sempre desejaram alcançar os de fora e que já têm trazido uma boa parte dos nossos membros atuais.

Portanto, sentemos nos bancos durante os cultos: oremos, louvemos, aprendamos e confraternizemos… E, durante a semana, vamos ser voluntários no reino de Deus, prontos para sair do spa para criar prontos socorros e UTIs dentro e fora das nossas igrejas, dispostos a tratar das enfermidades (espirituais e físicas) daqueles que, de certo, nunca pensaram ou quiseram se internar e que podem levar muito tempo para compreender e aceitar o diagnóstico divino e entender que os remédios e terapias oferecidas só funcionam quando aplicadas de maneira correta.

Nem todos estão capacitados para trabalhar com os do lado de fora, aqueles que agem, falam e pensam diferentemente, e/ou que são escravizados a vários tipos de vícios ou estilos de vida pecaminosos, mas deveríamos procurar apoiar, congratular e acolher aqueles que se dispõem a esta árdua tarefa, sendo por opção ou por necessidade. Ao mesmo tempo, desenvolvamos os laços fraternais no lado de dentro, como família, amando e sendo amados, servindo e sendo servidos—tudo porque Deus, nosso Pai, nos amou primeiro e nos escolheu para sermos filhos e, portanto, irmãos, irmãs e testemunhas

Conseqüentemente, quando alguém se sentir chamado pelo nosso Salvador para enfrentar um novo ministério, para alcançar aqueles que poucas pessoas querem ou sabem atingir, vamos orar por ele ou por ela, morder a língua antes de criticar com aspereza, colocar-se no lugar dele/dela quando temos vontade de censurar porque achamos que o resultado ou o método deveria ser diferente… Ofereçamos apenas críticas construtivas baseadas na Palavra daquele que ordena e capacita a nós e a eles a alcançar e transformar o mundo por amor a Ele.

E tenhamos o cuidado de investigar bem antes de descartar ou desprezar alguém ou algum ministério publicamente. Poucas coisas doem ou desencorajam mais, quando procuramos sinceramente servir a Deus, do que a inesperada divulgação da incompreensão ou da oposição daqueles que respeitamos e amamos. O chamado “fogo amigo” é muito doloroso e, por vezes, fatal.

Betty

…Fiz-me escravo de todos, a fim de ganhar o maior número possível… Fiz me fraco para com os fracos, com fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns. Tudo faço por causa do evangelho, com o fim de me tornar cooperador com ele (O apóstolo Paulo em 1 Coríntios 9.19, 22,23).

É Ele que nos conforta em toda a nossa tribulação, para podermos consolar aos que estiverem em qualquer angústia, com a consolação com que nós mesmos somos contemplados por Deus (O apóstolo Paulo em 2 Coríntios 1.4).

irmãos,…. consoleis os desanimados, ampareis os fracos, e sejais longânimos para com todos. (também o apóstolo Paulo em 1 Tessalonicenses 5.14)

3 Comentários a “Reflexões sobre Duas Igrejas: REDEEMER (Nova Iorque) e MARS HILL (Seattle)”

  1. David Portela disse:

    Mãe, excelente texto, merecedor de reflexão, pensamento e acima de tudo AÇÃO pelas igrejas cristãs, tanto as estabelecidas como as “novas”. Estamos justamente tentando aplicar estas coisas na nossa igrejinha aqui em Bangladesh. Beijos, David.

  2. Tânia Cassiano disse:

    Betty,
    Muito bom e oportuno o texto.
    Ha muito tempo vennho meio chateada com determinadas igrejas, que na ânsia de crescer numericamente, tendem à apresentar novidades, sendo assim não me sinto muito à vontade. Sou meio tradicional e saudosista. Tenho saudades daqueles pastores, que se preocupavam com suas ovelhas, individualmente, compartilhava de suas dores, as conforta, admoestavam, etc.
    Tenho consciência que os tempos são outros, a correria impede que alguns ajam dessa maneira. Mas sinto falta. E ao mesmo tempo sou comodista, pois acredito que existam igrejas que presam por aqueles atributos, mas como ficam longe da minha casa, e eu não dirijo, fica complicado ir até elas. E vou levando. Não quero parecer uma choramingas, mas fico defeito em tudo e tenho consciência que a única prejudicada sou eu. Através desse seu artigo, vou refletrir para que Deus me dê sabedoria para serví-lo onde estou.
    Mas como saber que eles (pastores) estão no caminho certo?
    Abraços da sua irmã em Cristpo.
    Tânia
    PS. não quero que interprete como uma crítica à liderança de algumas igrejas, mas como um angústia minha, pessoal, onde ao sair da igreja, saber
    não precisamos de novas estratégias, mas sim simplesmente a “velha” e eficiente pregação do envangelho, sem danças litúrgicas, músicas que desviam a atenção do culto, e por aí vai. É só um desabafo.

  3. Dalva Herold disse:

    Betty, graça e paz!

    Estou tentando aprender sozinha o inglês. Para mim não é uma atividade fácil, mas nas minhas buscas por uma leitura mais ampla e criteriosa, deparei-me com as “Crônicas do Cotidiano”, fiquei maravilhada com o que dizia, exceto não entendo tudo o que dizia. Por isso procurei em português. Muito obrigada.
    Então. Ainda ontem mais cedo da noite, fazia um breve comentário sobre a má compreensão de líderes eleitos para trabalhar na obra do Senhor, dispensada aos jovens tradicionais dentro de suas próprias igrejas, muito me cortou o coração, pois as suas interrogações são muitas e vivem à mercê da hostilidade nas universidades, amizades e a desenfreada busca pelo “ter”. Me sinto muitas vezes como esses jovens, embora tendo 51 anos de idade.
    Se a Igreja Visível de Cristo tivesse mesmo uma visão de um tratamento como se faz num hospital, certamente teríamos mais membros maduros, fortalecidos, preparados e aceitos para ajudar tantas pessoas que apresentam dificuldades comuns e adversas na atualidade. Creio que o seu texto veio desnudar o que comentávamos equilibrando nossas inquietações e com possibilidade de nos levar para mais longe, para dizer aos jovens especificamente que o reino de Deus não faz acepção de pessoas, não é necessário pertencer a uma distinta classe social e nem Deus quer pessoas dotadas de eloquência para testemunhar de Jesus.
    Minha esperança é de que as nossas igrejas sejam menos legalistas e amem ardentemente os congregados para que estes, possam levar as boas novas a tantas pessoas que carecem do amor de Deus, como nós.
    Continue firme na fé e que a paz de Cristo seja o árbitro em seu coração.
    ” Bendize, ó minha alma ao Senhor, e não te esqueças de nenhum só de seus benefícios. Salmos: 103:2″
    A Deus somente glória!

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