Categoria: ‘Arte e Beleza’

O Casamento do nosso Caçula
(Acontecimentos Periféricos)

23 de julho, 2008

Quando minha sogra se mudou para morarmos juntas, em 2007, uma querida amiga em Recife lhe deu um presente de despedida. Eu já escrevi sobre essa amiga antes em http://www.cronicasdocotidiano.com/?p=169 , num trecho perto do fim do artigo quando comentei como uma boa acolhida pode resultar em amizades duradouras e de efeito permanente. Continuei: Tenho uma amiga muito especial que encontrou abrigo no meu coração há 36 anos quando ela me hospedou na sua casa (então em Sergipe), numa viagem que fiz pelo Brasil com meu noivo (atual marido) e futuros sogros em 1971.

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Esta amiga (V…) perdeu a mãe cedo na vida e Mamãe sempre foi uma das pessoas que lhe servia como referencial, ouvindo, aconselhando e orando por ela. Da minha idade, ela agora já assumiu o mesmo papel para parentes e amigos, e a sua espontaneidade, alegria e entusiasmo servem como fonte de encorajamento para muitos.

Pois é, minha amiga tem o dom de se colocar no lugar dos outros e está sempre tentando imaginar como melhorar e animar a sua vida.

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A Minha Vida Ficou Mais Florida (9)

5 de maio, 2008

Seguem porções de mais uma “história florida” da minha sogra, Valderez Sena Portela.


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Enfeitando o Colégio, Eternizando Amizades

Quando cheguei ao “Agnes” no Recife, em 1939, eu já conhecia o Colégio de longe, pois a minha irmã Abigail estudara alí. (…). Eu o achava lindo, com a sua imponente fachada, e seu edifício principal plantado no meio de um jardim imenso, com suas fileiras e palmeiras imperiais, ladeando os canteiros de belas flores — miosótis, roseiras, bambus, papoulas, resedás, dálias, verbenas, gérberas, gladíolos brancos, vermelhos, amarelos e até azuis! Aqui e ali haviam estátuas da mitologia grega. Creio que estas me faziam lembrar a necessidade de estudar, com afinco, a literatura da Grécia… Havia, também, a estatueta de um enorme sapo com um repuxo d’água que o banhava e a derramava num canteiro onde ele estava — agora já estava velho e muito feio… Servia apenas para as meninas mais afoitas encarapitarem-se nele, e tirarem suas fotos. Um grupo fazia um triângulo formado de moças risonhas, lindas. (…)

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A Minha Vida Ficou mais Florida (8)

1 de maio, 2008

Do mesmo modo que “Mamãe” era sensível à beleza, ela também se impressionava com a falta dela. Segue a descrição de uma fazenda chamado Mamulengo e como seu pai transformou a casa feia, que não tinha beleza alguma, meio escura e sombria, que respirava a coisas velhas, e que ficava abafada, numa boa e agradável morada. Nesta narrativa, a natureza e proximidade das plantas existentes não alegravam. Em vez disto, contribuíam para o mal-estar dos habitantes…

Mamulengo

Meu Pai comprou uma antiga fazenda de café situada entre Pirauá e Serra Verde. O nome da fazenda era “Mamulengo”. (Mamulengo significa um teatro de bonecas).

Tudo lá respirava a coisas velhas, do tempo do Império, de quando ainda havia escravos. Disseram-nos que a Casa Grande fora construída por braços dos escravos e já existia há mais de um século. Não sei se isso e as lendas que corriam eram verdadeiras ou não. Só sei que a casa não era construída com tijolos, mas com barro, uma casa daquele porte toda feita de taipa… A espessura das paredes era, de mais ou menos, meio metro!

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A Minha Vida Ficou mais Florida (7)

27 de abril, 2008

Nesta postagem, transcrevo novamente uma parte do texto que minha sogra escreveu para os netos e intitulou “Memórias de uma Anciã”. Na narrativa de hoje, há uma enorme descrição dos jardins que encontrou na fazenda de membros de uma igreja pastoreada pelo pai. Nem sei se meus filhos chegaram a ler cada nome na relação das plantas que enfeitam as lembranças da sua avó até hoje, pois não reconhecem grande parte delas. Mas, de certo, eles estão bem convencidos que a beleza da natureza é um presente de Deus para nós. É necessário, apenas, que abramos os olhos para percebermos os multiformes aspectos e nuances desse mundo maravilhoso. Eis o texto dela:

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Fazenda Fandango

Talvez eu já tenha falado da família de um dos presbíteros da Igreja Congregacional de Pirauá — O Sr Manoel Gomes de Andrade (“Seu” Neco). Este era um homem calmo, casado com D. Júlia Araújo de Andrade, (…). A fazenda pertencente ao Sr. Neco, chamava-se “Fandango” (a palavra fandango significa dança alegre e sapateado; baile popular, ao som da viola, folia). Era fazenda de café, muito grande (….).

Na Fazenda Fandango o mundo parecia diferente: as flores eram cultivadas, por toda parte…

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A Minha Vida Ficou Mais Florida (6)

21 de abril, 2008

Continuo com a série de postagens citando porções do “livro” da minha sogra para os netos, recordando partes da sua infância. Aqui ela fala de um empregado da família, cuja sintonia com Deus e com a natureza lhe rendeu uma outra preciosidade—amizade e carinho num mundo em que as pessoas, normalmente, não procuram nem cultivam afinidade e afetividade em relacionamentos com os “emergentes” na sociedade – “de cima para baixo”. (A “parte florida” encontra-se no meio do texto.)

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FONSECA — Nosso Empregado. Um irmão na Fé e Amigo

Conheci Fonseca aos meus quatro ou cinco anos de idade. Ele era um negro alto, moço, talvez com uns 25 ou 30 anos de idade. Era magro e feio — rosto comprido, aparecendo os ossos da face — tinha um cacoete estranho — ao falar tremiam-lhe os lábios e músculos ao redor. Convertera-se a Jesus Cristo por uma das pregações de meu Pai, na Igreja Congregacional de Serra Verde. Ele trabalhava na casa do Sr. José Muniz, cuidando dos animais, junto com os filhos do patrão.

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A Minha Vida Ficou Mais Florida (3)

5 de abril, 2008

Ontem, a “V” (nossa secretária—ver aqui) e eu saímos cedinho para ir à Feira de Flores na CEAGESP. A nossa missão—achar algo para substituir as flores-do-Natal (poinsétia ou bico-de-papagaio) das janelas da sala de estar que, infelizmente, perderam seu viço e seu vermelho e viraram plantas esvaziadas de folhas, com uma cor verde apagada, sem vigor.

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Quando as colocamos lá, no início de dezembro, ficamos conhecidos no prédio como “a família que colocou as flores nas janelas” (ainda não conheço nem a metade dos moradores mas eles, a maioria residentes de longa data e que têm familiaridade para conversar entre si, sabem quem somos). E, realmente, estava muito lindo. Eu atravessava a rua para comprar remédios na farmácia e pensava com meus botões que o nosso andar dava um certo tom de classe ao edifício todo. E quando amigos vêm para conhecer o nosso novo lar, sempre coloco o andar florido como um dos pontos de referência…

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A Minha Vida Ficou mais Florida (2)

3 de abril, 2008

Na minha última postagem (aqui) escrevi como a percepção da minha sogra, sobre as belezas da natureza ao longo da sua vida, tem colorido as suas lembranças (e enriquecido a nossa vida também). Em resposta à insistência dos netos para registrar suas memórias, Vovó Valderez (ou Delei, como é chamada carinhosamente), entregou-lhes um livro que intitulou “Memórias de uma Anciã”, no fim de 2004.

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(Detalhe de Quadro Pintado por Meire Santos)

Hoje estou compartilhando com você uma das suas recordações. Preste atenção à maneira em que os aspectos da natureza embalam os lugares e os eventos. Vou deixar os nomes das pessoas e dos locais como estão, pois pode haver algum descendente ou remanescente deste período, ou morador destas regiões, que irá gostar de poder revisitar o passado através dos olhos dela… (não há, obviamente, garantia de 100% de exatidão, já que ela nunca se propôs ser uma biógrafa ou historiadora…)

O SÍTIO SERRA VERDE
Região da Caatinga, na Paraíba

Aos cinco ou seis anos de idade guarda-se no coração e conserva-se na memória, pelos anos afora, aquilo que mais admiramos, ou o que nos agradou, nos deslumbrou…

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Pensando sobre Arte e Beleza

16 de março, 2007

Mexendo em alguns papéis, encontrei uma carta que iniciei há um ano, no dia 11 de fevereiro de 2006. Nunca cheguei a completar o meu raciocínio mas enviei a carta daquele jeito mesmo por ser para uma amiga daquelas com quem você bate papo sem grandes preocupações sobre se o que você diz está fazendo completo sentido ou não. Na época eu estava pensando sobre “arte”, com foco especial na capacidade de se escrever bem. Vou copiar e ampliar algumas das cogitações iniciais que fiz naquele dia.

Querida Amiga:
São duas da madrugada, domingo de manhã, e não consigo dormir. São tantas as pessoas e situações que povoam a minha mente… Pensamentos a respeito de cartas que preciso escrever, respostas a coisas que me perguntaram ou disseram… Saí do quarto na ponta dos pés e fui sentar no computador por um pouco de tempo…

Uma das coisas que fiquei pensando é o que você disse sentir quando escreve, e como eu me sinto do mesmo jeito, às vezes. Mas não sei se eu explicaria as minhas percepções do mesmo modo que você.

Tenho tantas perguntas e dúvidas! O que será que é arte? Aquilo que eu considero arte é apenas minha opinião ou podemos nós, como cristãos, chegar a uma conclusão básica sobre o que é a “verdadeira arte”. O que é “arte de qualidade”? O que é arte aos olhos de Deus? E o que é arte aos olhos de Satanás? Não sou nenhum Francis Schaeffer (e faz tempo que li o livro dele sobre este assunto) mas vou arriscar alguns pensamentos.

Tive um curso sobre “Apreciação de Arte” na faculdade

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Empatia Feminina (3) – Minha Avó Paterna – Segunda Parte

2 de março, 2007

Na semana passada, postei a primeira de uma série de reflexões sobre o impacto que minha avó paterna teve na minha vida. Pensei que seriam apenas duas, entretanto novas recordações e ponderações continuam surgindo…

No meu próximo conjunto de lembranças, Opoe (ôpú) já havia saído da fazenda Ebenézer. Ela não quis ir morar com nenhum dos seus cinco filhos fazendeiros—era praxe entre pessoas do seu nível na Holanda vender a fazenda para algum filho e ir viver das economias numa cidade próxima ao aposentar-se. Foi, portanto, residir com a família da sua filha mais velha, a minha Tia Patrícia, na cidadezinha de Bowmanville (com uns dez mil habitantes, na época). Meu tio era muito jeitoso e modificou a parte da frente da casa para ser um apartamento com acesso separado. Depois, ele foi adaptando tudo para que Opoe pudesse ser independente dentro das suas crescentes limitações. Meus parentes falavam que ele deveria patentear as engenhocas e dispositivos que inventava. Eu tinha pouco com que comparar a sua habilidade e, para mim, isto só comprovava o ditado que “a necessidade é a mãe da invenção” e que a criatividade de algumas pessoas permitia que elas melhorassem situações sem sempre depender de ajuda externa.

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