À Procura de Teias de Aranha!

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Minhas postagens mais recentes têm sido muito filosóficas, sem muito interesse para aqueles que procuram meu lado cronista. Desta vez, vou tentar ser mais simples.

Ontem eu vi o “espírito” da minha avó em mim. Estou falando aqui de algo nela que já descrevi (podem ver a postagem aqui, na parte que inicia com “A primeira coisa que me vem à mente quando me lembro de Opoe…” ) (apesar de hoje mesmo já estar trabalhando num relato de algumas facetas agradáveis pois ela era, de fato, uma boa senhora).

Para compartilhar como isto aconteceu, deixe-me explicar o contexto desta observação. Estou, mais uma vez, curtindo ser “filha” na casa dos meus sogros. Meu marido teve que passar a semana em outra cidade e resolvemos que eu iria desfrutar deste tempo na companhia deles. Quase um dia inteiro, dos oito designados para o nosso convívio, foi “perdido” com a “pane” nos aeroportos no domingo, mas não foi difícil para mim manter a tranqüilidade pois não iria perder conexões nem tinha compromissos inadiáveis. A companhia aérea me colocou num bom hotel, onde fiquei conhecendo melhor algumas das pessoas que haviam penado comigo nas intermináveis e briguentas filas para resolver a nossa situação. Jantei como uma princesa, dormi como um anjo (de onde vem esta expressão?!) e o transporte de volta ao aeroporto foi pontual. Só as filas eram cansativas e a vontade de ensinar boas maneiras, tanto a passageiros quanto a atendentes, aflorava de vez em quando. Mas, no geral, creio que consegui agradar a Deus no meu “espírito” e no meu comportamento.

Mas, ontem, eu estava num dos banheiros do apartamento dos meus sogros e, de repente, observei que havia fuligem e poeira nos cantos junto ao teto. Vi também que a pequena lâmpada fluorescente, junto com o bocal, estava coberta de uma camada preta de sujeira. O meu primeiro instinto foi de aborrecimento com a falta de empenho da ajudante deles. Minha mente começou a bolar a melhor maneira de mostrar meu cuidado com a aparência e limpeza dos aposentos em que meus sogros habitavam. Chamaria Mamãe para mostrar a sujeira a ela? Imaginava ela chamando a “Maria”, apontando para o lustre, triste e um pouco irritada porque eu havia observado este descuido. E, depois, comecei a imaginar a reação da “Maria”. Aí, pensei—Talvez seja melhor eu falar com ela diretamente, sem mencionar o “problema” para Mamãe. Inadvertidamente, meu olhar começou a procurar teias de aranha. E foi então que “caiu a ficha”. Estava me comportando igualzinha à minha avó!

Parei no meio do banheiro e olhei ao meu redor. O vaso sanitário, a pia, a farmácia e as prateleiras estavam todas limpas. O espelho, as torneiras da pia, a maçaneta da porta e a saboneteira de aço brilhavam. Havia me enxugado com toalhas cheirosas e macias em cima de um tapete limpo. Não havia mofo nas portas do boxe, nem entre os azulejos. Novos sabonetes, papel higiênico, xampu, creme e cotonetes esperavam por mim… Quem havia zelosamente providenciado e verificado tudo isto? A “Maria”! Quem procurava no cesto diariamente para ver se tinha roupa minha e depois as deixava dobradas ou penduradas no meu quarto? A “Maria”! E quem estava passando horas e horas numa cozinha quente, tentando me agradar com refeições e bebidas nordestinas ao mesmo tempo gostosas e light? A “Maria”! E, em vez de ser grata e reconhecer o seu empenho, eu estava pretendendo chamar a atenção dela à única coisa que destoava em meio a tantas e tantas coisas boas e bem-feitas! Existiria maneira melhor de desencorajar alguém? Logo com esta moça que tanto faz para facilitar a vida dos meus queridos sogros?

Então o que foi que eu me forcei a fazer? Subi numa cadeira com um monte de papel higiênico enrolado e fiz a limpeza eu mesma, com cuidado para não levar um choque! Assim, se aparecer outra pessoa alta e crítica como eu, não vai ter razão de pensar mal, nem da “Maria” e nem dos meus sogros.

E eu preciso aplicar aquilo que aprendi ontem aos meus relacionamentos diários, pensando bem antes de expressar minhas críticas para ver se as minhas conclusões refletem a verdadeira situação. Será que vou realmente construir e ajudar se expressá-las? Ou será que vou acabar desencorajando e desmotivando alguém que já está lutando para dar o melhor de si—como era o caso da minha avó com a minha mãe, há tantos anos atrás?

E isto me faz lembrar de uma partezinha do ensino do apóstolo Paulo em Efésios 4, onde ele nos encoraja a falar unicamente palavras boas para edificação, conforme a necessidade, e assim transmitir graça àqueles que nos ouvem (29). Temo que ainda falta muito para que eu seja reconhecida por esta qualidade… Que Deus me livre de ser lembrada pela ausência dela e de ficar na memória dos meus queridos como aquela que estava sempre à procura das quase invisíveis teias de aranha escondidas nos cantos da bem-elaborada construção das suas vidas.

Betty

3 Comentários a “À Procura de Teias de Aranha!”

  1. grace disse:

    Muito bom! Eu faço a mesma coisa! Tenho que me lembrar quase diariamente a não olhar pras piores coisas nas pessoas e nos lugares. O problema é que as vezes eu deixo de me lembrar das coisas boas e começo a ficar crítica demais! Que Deus nos ajude a sermos encorajadoras às pessoas ao nosso redor!

  2. izilda caravieri disse:

    è verdade! esta é a nossa tendencia !!!! creio que acontece com todo ser humano, mas Graças a Deus pelo seu Santo Espirito que habita em nós, e na mesma hora sentimos um puxão de orelhas e nos policiamos. Que Deus tenha misericordia de nós, para podermos dar um bom testemunho!!! que Deus te abençoe muito Bethy!!! aprendo muito com suas cronicas.

  3. Jéssica disse:

    Olá, a graça e paz do nosso Senhor Jesus Cristo.
    Eu me chamo Jéssica, tenho 18 anos, sou da Primeira Igreja Presbiteria de Barra do Corda-MA.
    Ao ver a revista da Saf da minha mãe pude ler uma de suas crônicas
    -NA SALA DE ESPERA- Reflexões em torno do aquário; fiquei encantada com elas e quando terminei tive vontade de ler outras e agora não consigo mais parar (rsrsrs). Amo as suas crônicas. {estou aprendendo muito com elas}
    Que Deus abençoe a sua vida!
    bjos. ^^

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