Poesia Sibilante

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(Brincando com o Vernáculo Brasileiro)

Sofro da síndrome
Da sibilação.
Cê-cedilhas e “esses”
Dão satisfação.

Espiro “esse”,
Inspiro “cê”,
Respiro “esses”,
Suspiro “z”.

Aspiro a cicios,
Saboreio ceceios.

Sou simpatizante
De sílabas sibilantes,
De sons semelhantes…

Sou estudante
De sentenças sibilantes,
De expressões ressoantes…

Sou aspirante
A estrofes sibilantes,
A estribilhos sussurrantes…

Os cinco sentidos
Solicitam sibilantes
Exigem estimulantes…

Associo sons a sensações
Saliento o aspecto de significações
Salpico sabor nas citações
Acentuo a simetria das orações
Sinto o cheiro das situações
Saboreio sensopercepções
Celebro essas sonorizações.

Os sintomas são sérios?
Sinceramente, não sei.

Será surto de sibilacite ou
Seqüelas de exagerite?

Estarei com esclerose cerebral ou
Estresse sazonal?

Suspeita-se de
Semanticismo excedente ou
Psicose ascendente

Solicita-se
Certificação de sanidade ou
Exclusão da sociedade

Receita-se
Hospício e solidão,
Asilo e isolação.

Aceita-se
Assistência psiquiátrica
Séria e sistemática.

Sofro da síndrome
Da sibilação?
Cê-cedilhas e “esses”
Dão satisfação.

Ouça meu sono sibilantíssimo.
Ssssssss… Zzzzzzzzzz….

Silêncio!

Elizabeth Zekveld Portela
fevereiro de 2002


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