Pós-Cirurgia de Tireóide (5) – Quase Conclusão (Espero!)

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Fiz a cirurgia porque estava com bócio na glândula tireóide. Entretanto, olhando para mim, ninguém notava. Isto porque era “mergulhante”—os nódulos estavam crescendo para dentro e não para fora. Na segunda semana pós-cirurgia, entretanto, se você batesse o olho em mim (e soubesse falar “tireoidês”), você diria logo que eu estava com “bócio”. A área da tireóide continuava mais inchada do que nunca. E dolorida quando mexia com a cabeça. Doía quando bebia água e engolia, especialmente de manhã. O desconforto que estava localizado nas costas migrou para a frente, irradiando do local “mexido” para o lado oposto (o esquerdo agora). Era como se estivesse comprimindo músculos ou nervos. Imagino que era por isto que continuava muito rouca também. Afinal, devia estar igualmente “inflada” para dentro, quanto para fora. Apenas nas últimas três noites é que percebi que estava doendo bem menos para me virar de lado, e que estava “achando canto” sem problemas maiores.

lucasflowers

Flores recebidas alguns dias depois da cirurgia, com vaso e tudo, encomendadas, através da Internet, de Bangladesh

Mãe, damos graças a Deus que tudo correu bem com a sua cirurgia. O Lucas está ansioso para ver você e todo o resto de sua família brasileira… e nós também. Beijos dos seus filhos e do seu netinho. David, Taara e Lucas

Ontem se completaram quinze dias desde a remoção. A garganta continua inchada e multicolorida (por eu ser muito branca, dá para enxergar quase todas as cores do arco-íris nela), mas a protuberância está menos saliente. Tenho um papo debaixo do queixo que vai um pouco além do normal. Algumas pessoas me falam que minha voz está melhorando, mas ela continua bastante rouca. Mas o que mais me incomoda é que não consigo cantar uma melodia. Nem solfejar. Estas duas aptidões agora viraram a minha medida de recuperação de voz!

Já que planejamos viajar para a América do Norte no dia 24 de junho, marquei logo uma visita à endocrinologista que havia consultado antes, para poder me preparar e prevenir.  Entreguei uma carta do cirurgião para ela, e ela me atendeu com muita delicadeza. Ouviu e respondeu às minhas perguntas sem demonstrar pressa nem impaciência. Já que me queixei de ter acordado duas vezes com dormência em ambos os braços, resolveu continuar com o cálcio (Oscal D) duas vezes por dia. Também passou uma pastilha de Fonergin de quatro em quatro horas (enquanto necessário) para ajudar a desinflamar a garganta.

Devo fazer um exame daqui a dez dias para verificar o cálcio iônico, o PTH e o TSH e encaminhar os resultados para ela VIA E-MAIL (idéia dela—para poupar-lhe de ter que fazer um encaixe e, ao mesmo tempo, economizar uma viagem e uma possível longa espera para mim). Ela subiu dez pontos na minha estima só com isso! Finalmente, um(a) doutor(a) que incorporou as vantagens da era da Internet! Agora vamos ver se ela responde rápido… Dependendo dos resultados, ela me chamará de volta ou me orientará sobre procedimentos a seguir durante a minha viagem.

Reiterou que devo evitar sol na área da cirurgia, mas disse que desconhecia o que algumas amigas me falaram—que a luz fluorescente também prejudica o sumiço da cicatriz. Posso falar normalmente, mas não em excesso—tipo palestras—e nem cantar.

Devo comer alimentos com cálcio (especialmente leite e seus derivados) sempre—mas enfatizou que esta é uma prática que todos devem seguir continuamente, e não apenas após uma cirurgia de tireóide.

Perguntei sobre o que acontece se me esquecer de tomar o hormônio da tireóide. Ela falou que é melhor aprender a não esquecer, mas disse que não deve acontecer nada demais num dia só, mas que um período mais longo será rapidamente prejudicial ao meu humor, meu colesterol e a outras funções. Com respeito à dosagem deste, perguntou-me sobre se percebo algum indício de depressão, como estou dormindo, se me sinto descansada ao acordar, como funciona meu intestino. Parecia satisfeita que tudo estava indo bem, dentro da normalidade.

Voltei para casa a pé, com um cachecol me protegendo não apenas do sol, mas do frio (o consultório dela também fica na minha rua—uns 900 metros para baixo). Fiquei contente por poder parar numa ótica para mandar revelar 236 fotos, tiradas desde julho de 2008, que havia finalmente passado do meu computador para um pen drive durante a minha recuperação. Na loja ao lado, comprei chocolates diet para mim e para meus sogros e, depois, aproveitei para pegar os remédios que haviam sido indicados, numa farmácia ao longo do caminho. A minha liberdade (e responsabilidade) está voltando, pouco a pouco. Amanhã já deveria poder dirigir. Mas já que o cirurgião mandou usar bom senso, creio que vou esperar mais um pouquinho, pois ainda sinto dor ao movimentar os braços com força. Mas na segunda-feira, se tudo correr bem, estarei atrás do volante novamente…

Antes de encerrar por agora, vou falar um pouquinho das despesas que tivemos. O nosso convênio da AMIL cobriu o hospital, a cirurgia e todos os médicos. Mas, por precaução, já que tive tromboses antes e uma embolia pulmonar, os doutores acharam por bem requisitar meias de suporte e ligaram uma máquina às minhas pernas que providenciava “compressão pneumática intermitente” (CPI) durante a minha estadia. As meias e as “perneiras” não foram cobertas por meu plano e desembolsamos 485,21 reais por elas, mais 4,77 por “lençol descartável 80x und”. Tenho que me lembrar disto se for internada novamente, porque agora estou com dois pares de perneiras guardados—já que aconteceu a mesma coisa na minha cirurgia anterior.

Entre os remédios receitados, um dos tipos de cálcio (Rocaltrol) foi caro—100 reais por 30 cápsulas (com o desconto pelo cartão da farmácia deu R$ 77,58 e estou terminando o segundo pote). Juntando a isto o antibiótico e os outros remédios e o material para os curativos, mais o estacionamento no hospital e os lanches para meus acompanhantes, devemos ter gasto uns mil reais no total.

Pronto, está terminado meu relato por hoje. Agora vou, alegremente, supervisionar a limpeza e montagem do berço que nossa filha encontrou num brechó perto de onde trabalha. Está muito branco. Vou ter que encontrar uns enfeites e lençóis coloridos para preparar um ambiente alegre para meu netinho. Faltam apenas duas semanas para a chegada dele, o Senhor Deus permitindo.

Abs, Betty

(Continua aqui)

363 Comentários a “Pós-Cirurgia de Tireóide (5) – Quase Conclusão (Espero!)”

  1. Elisabete disse:

    Aqui fica a minha experiência. Fui operada há 5 dias. Tiroidectomia total, carcinoma. Parece que cada dia estou pior do que no anterior. Pescoço cada vez mais inchado, dificuldade em engolir e em falar, espirros e tosse muito dolorosos. Não encontro posição para dormir e acordo cheia de dores. Amanhã, sexto dia após a operação, vou ao médico tirar os pontos. Não sei se todos ou alguns. Não tenho formigueiro pelo que as doses de cálcio devem estar ajustadas. Também vou fazer análises amanhã. Não está a ser nada como o que li nas informações sobre a tiroidectomia total. Também ainda não sei se farei iodo radiativo. Vou dando notícias. Saudações a todos os sem-tiróide.

  2. betty disse:

    Olá, Elisabete. Vejo que vc está indo no médico hoje. Espero que ele faça uma boa avaliação e lhe informe e encaminhe para melhorias e soluções, para que vc pare de tossir e consiga falar melhor. Abs, Betty

  3. Gerlam Lopes disse:

    Olá! Fiz uma tireoidectomia total, mais esvaziamento cervical dia 24/07. Deu tudo certo, apesar de minha voz estar meio estranha, e ter começado a aparecer um papo em mim. Percebi que tenho que fazer um certo esforço pra falar, o que chega a ser cansativo. Fora isso, e a sensação de dormência em todo o corte é embaixo do queixo, não sinto nada. O médico usou uma cola cirúrgica, o que já alivia o problema dos pontos. Seu papo sumiu, ou ainda tem ele? E como vc está?
    Obrigado!

    Gerlam

  4. betty disse:

    Ol, Gerlam:
    Não cheguei a fazer esvaziamento cervical, portanto a minha experiência foi um pouco diferente. E não fiquei com um papo. Minha voz “normalizou” totalmente com uns 3 meses. No início nem parecia eu falando… O esforço e incômodo para falar é bem comum na(s) primeira(s) semana(s).
    Com relação à dormência, também não me lembro disto, entretanto meu pescoço/ombro doeram bastante no começo, e creio que foi por causa da posição em que a minha cabeça foi colocada para fazer a cirurgia.
    Vá observando e anotando o que está sentindo e converse com seu médico no retorno, para esclarecer a razão e trabalhar os passos para alívio e melhora. Se perceber inflamação/muita dor/vermelhidão/febre, antecipe o retorno.
    Espero que logo se sinta bem melhor e restaurado.
    Que Deus o abençoe.
    Abs, Betty

  5. olá Betty, fiz cirurgia com retirada do lobo esquerdo da tireiode, antes da cirurgia fiz biopsia três vezes e os resultados foram negativos. apos a retirada do nódulo foi levado para o laboratório e o resultado deu maligno logo com 15 dias fiz outra cirurgia pra retirar o lobo direito foi feito a biopsia do lobo e graça a deus deste lado não tinha nada. fui encaminhada para fazer a CPI e em seguida para fazer a iodoterapia. sofrir muito no periodo preparatorio da cirugia e muito mais após o rsulta da biopsia, ainda estou em estado de choque, depressão, crise de choro e tudo que sinto penso que é a doença voltando. faço acompanhamento com uma endocrinologista e ela diz pra mim que esta tudo normal. agora fiz os exames de rotina estou com o colesterol muito alto e também com TSH alto também. além disso sinto uma pinicadeira no meu corpo como se russara de mato e isso me incomoda bastante tem hora que fico com uma agonia na minha cabeça e não sei o que fazer? será que isso é normal?
    ROSA FLORIANO 20/03/2018.

  6. betty disse:

    Olá, Rosa. Não sou médica, apenas uma ex-paciente, mas posso tentar “pensar em voz alta” com você. Mas primeiro me diga quando você fez a cirurgia, se já está tomando o hormônio que substitui a função da tireoide, e também se já fez a iodoterapia. Abs, Betty

  7. Sonia disse:

    Eu não tive a mesma sorte de vcs.Evolui para hopoparotidoidismo e nunca mais fui a mesma.Dores e fraquezas mil.

  8. Beatriz disse:

    Oi Betty, eu de novo…rs…li agora…o meu tbm era bócio mergulhante…na verdade, eu tinha ao todo 12 nódulos espalhados, mas como meu pescoço é gordinho, não dava pra ver os das laterais, somente o da frente q eu chamava carinhosamente de (gogó da ema) rs…foram retirados todos…não estou com papo…vendo fotos do antes, agora eu percebo como era grande…mas não precisou ser mais invasiva a retirada…graças á Deus…espero q continue correndo tudo bem com todos os que passam por esta cirurgia…paz…

  9. betty disse:

    Olá, Biazinha. Já respondi ao seu primeiro comentário. 🙂 A gente pode ficar grata por vivermos numa época em que as nossas mazelas podem ser diagnosticadas e resolvidas em grande parte do tempo. Espero que Deus a permita muito mais anos de vida em que você possa ser bênção para muitos. Outro grande abraço, Betty

  10. betty disse:

    Que pena, Sonia. Espero que encontre um(a) especialista capaz e atencioso(a) para lhe ajudar com isto. Um grande abraço, Betty

  11. Ângela Dias disse:

    Oi Betty. Sei que ja faz alguns anos de sua cirurgia. Mas após uma noite acordada, vim ao Google em busca de ajuda. Hoje estou no segundo dia da Tireoidectomia total. A ansiedade da cirurgia sé tornou em ansiedade p aguardar o resultado da biópsia. Na punção deu suspeita de malignidade. Todos seus sintomas do pós operatório eu estou sentindo: desconforto p dormir, forte dor no pescoço no alto da coluna, um pigarro q provoca tosse e dói no local da cirurgia…
    suas declarações veio me confortar. Pois cheguei a pensar em pneumonia por causa do pigarro, tosse e dor (queimação) no peito. Nesse momento estou tão cansada, sono, essa dor no pescoço a tosse… Mas creio que DEUS está no controle de todas as coisas. E ainda quero ajudar pessoas com minha experiência, assim como vc me ajudou. Muita paz em seu coração. Espero que esse desabafo chegue até vc!

  12. Esdra disse:

    Boa tarde!!
    Li o relato de vocês, confesso que fiquei bem mais aliviada pq tive vários dos sintomas dos relatos, meu resultado depois da punção biópsia ultrassom também deu suspeita com nódulo na esquerda e cisto na direita, tive que fazer tireoidectomia total e no momento da cirurgia ainda foi encontrado mais um cisto no final da minha língua que foi retirado qdo voltei da cirurgia eu senti muita dor na garganta e na cabeça o dia todo principalmente qdo engolia minha saliva, um desconforto muito grande, mas graças a Deus a partir do segundo dia minha recuperação foi melhorando a cada dia, tive coceira, tosse desconforto ao deitar, na verdade não deitava durmo ainda quase que sentada canso qdo falo garganta dolorida medo de esticar ou mexer o pescoço, mas o que está me preocupando mesmo é o inchaço na papinha que não tinha só veio aparecer depois do terceiro dia e já estou no sétimo dia e continua, mas também o Dr falou que é normal que tudo que estou a sentir vai desaparecer com o tempo, então terei que ter um pouco mais de paciência e aguardar o resultado da biópsia da tireóide que tenho a certeza de que será negativo e agradecer muito a Deus.

  13. betty disse:

    Olá, Esdra. Seu relato reflete efeitos costumeiros e outros que não são. Cada caso é um caso. Parece-me que a sua cirurgia foi mais ampla por causa do problema na língua. Continue insistindo com os médicos (geral, otorrinolaringologista, endocrinologista, etc.) para lidar com o desconforto e a papinha se for necessário. Você mora no Portugal?

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