Categoria: ‘Memórias de uma Anciã’

A Minha Vida Ficou Mais Florida (6)

21 de abril, 2008

Continuo com a série de postagens citando porções do “livro” da minha sogra para os netos, recordando partes da sua infância. Aqui ela fala de um empregado da família, cuja sintonia com Deus e com a natureza lhe rendeu uma outra preciosidade—amizade e carinho num mundo em que as pessoas, normalmente, não procuram nem cultivam afinidade e afetividade em relacionamentos com os “emergentes” na sociedade – “de cima para baixo”. (A “parte florida” encontra-se no meio do texto.)

Orquideas.jpg

FONSECA — Nosso Empregado. Um irmão na Fé e Amigo

Conheci Fonseca aos meus quatro ou cinco anos de idade. Ele era um negro alto, moço, talvez com uns 25 ou 30 anos de idade. Era magro e feio — rosto comprido, aparecendo os ossos da face — tinha um cacoete estranho — ao falar tremiam-lhe os lábios e músculos ao redor. Convertera-se a Jesus Cristo por uma das pregações de meu Pai, na Igreja Congregacional de Serra Verde. Ele trabalhava na casa do Sr. José Muniz, cuidando dos animais, junto com os filhos do patrão.

Leia o resto deste artigo »

A Minha Vida Ficou Mais Florida (5)

14 de abril, 2008

Nesta série—“Minha Vida Ficou mais Florida”—estou postando várias histórias escritas por minha sogra, para seus netos, derivadas de memórias do seu tempo de menina e moça. Meu propósito é demonstrar como a sua sensibilidade à natureza colore e enriquece as suas lembranças e as nossas vidas. Creio que algumas das minhas leitoras mais idosas, com suas próprias lembranças da vida rural, no “tempo antigo”, irão gostar de serem levadas a mergulharem num passado que, talvez, foi um pouco parecido….

azaleia.jpg

O relato que se segue ocorreu na segunda metade da década de 1930, quando o pai da jovem Valderez era pastor da Igreja Congregacional de Munganga, no estado de Pernambuco. No início, eu pretendia publicar apenas a sua descrição do encanto de uma fazenda vizinha onde a abundância de flores davam um constante ar de dia de festa. Onde havia beleza todos os dias do ano… Mas, depois, resolvi pedir sua permissão para colocar a maior parte da narrativa… Pois, pelo desenrolar dos eventos, por ter ficado acanhada com uma situação e por ter sido causa involuntária de um dano material, ela acabou achando que seria melhor evitar encarar a família das suas amigas…. Assim, nunca mais freqüentou aquele paraíso.

Boa leitura!

Betty

Leia o resto deste artigo »

A Minha Vida Ficou Mais Florida (4)

10 de abril, 2008

Ontem e hoje, tenho participado (na platéia) de palestras relacionadas ao darwinismo (mais informações aqui). Estão acontecendo num ambiente que dá voz a várias perspectivas. Escutei o proponente do darwinismo, um senhor bastante sério e preparado mas que, obviamente, parte do princípio que não existe um Deus criador. Que tudo saiu do nada, pelo acaso. Fiquei tão triste por ele…

Também creio que tudo saiu do nada (ex nihilo). Mas não pelo acaso. Houve/há um Criador. E Ele se revela a mim não apenas através da beleza e harmonia da natureza mas também por revelação escrita. E a maravilha da perspectiva bíblica é que eu conheço as minhas origens, sei o meu destino e me deleito em propósito e significado.

holandabrasil.jpg

Enquanto eu sentava e escutava, e anotava, e avaliava, eu lamentava pelo palestrante e pelos milhões de outros que são levados a negar e rechaçar esta preciosa compreensão… E minha mente voltou a algo escrito por Mamãe Valderez nas recordações das quais já falei antes, pois ontem passei um bom tempo pescando os trechos que falam da sua empolgação com a beleza da natureza em tantas fases da sua vida. A princípio, havia pensado em postar isto por último, como conclusão dos seus pensamentos. Mas agora sinto necessidade de compartilhar a oração de adoração que jorrou do seu coração ao encerrar um relato sobre como sobreviveu à febre tifóide quando era uma menina de sete ou oito anos.

Ela pergunta a Deus por que lhe poupou—porque permitiu que ela tanto vivesse. Ela não sabe a resposta mas as linhas seguintes demonstram a intensa necessidade que sente para reconhecer e agradecer a presença, participação e bondade divina em todos os pormenores da sua vida. E ela vai listando… E quando chega na grandiosidade das “obras das suas mãos” ela não consegue apenas falar em termos gerais. Tem que vasculhar a memória para apontar não apenas os seres humanos mas também nomear os outros seres vivos—plantas, aves e animais que Ele permitiu que se destacassem nas suas lembranças por sua beleza ou singularidade.

Vejamos a narrativa (cabe informar que, além de pastor e fazendeiro, seu pai era farmacêutico e era chamado por muitos para tratar das suas doenças nas cidades e vilas onde não havia médicos)…

Leia o resto deste artigo »

A Minha Vida Ficou mais Florida (2)

3 de abril, 2008

Na minha última postagem (aqui) escrevi como a percepção da minha sogra, sobre as belezas da natureza ao longo da sua vida, tem colorido as suas lembranças (e enriquecido a nossa vida também). Em resposta à insistência dos netos para registrar suas memórias, Vovó Valderez (ou Delei, como é chamada carinhosamente), entregou-lhes um livro que intitulou “Memórias de uma Anciã”, no fim de 2004.

DetalheQuadroMeireSantos.jpg

(Detalhe de Quadro Pintado por Meire Santos)

Hoje estou compartilhando com você uma das suas recordações. Preste atenção à maneira em que os aspectos da natureza embalam os lugares e os eventos. Vou deixar os nomes das pessoas e dos locais como estão, pois pode haver algum descendente ou remanescente deste período, ou morador destas regiões, que irá gostar de poder revisitar o passado através dos olhos dela… (não há, obviamente, garantia de 100% de exatidão, já que ela nunca se propôs ser uma biógrafa ou historiadora…)

O SÍTIO SERRA VERDE
Região da Caatinga, na Paraíba

Aos cinco ou seis anos de idade guarda-se no coração e conserva-se na memória, pelos anos afora, aquilo que mais admiramos, ou o que nos agradou, nos deslumbrou…

Leia o resto deste artigo »